sexta-feira, 3 de maio de 2013

As crônicas do perna de pau absoluto - mais do mesmo...


Pensei em voltar a escrever sobre economia ou politica, mas sinceramente não fico animado a nada. A economia do mundo hoje depende do bom humor da presidente alemã, Angela Merkel (leia uma coluna do sociólogo português Boaventura de Souza Santos, publicada na Folha de São Paulo de 03/05/2013, para entender...). A política no Brasil hoje é regida pelos sem-memória. As pessoas se esquecem dos erros recentes e insistem em repeti-los,  nos parecemos  ora com o mitológico Sísifo, condenado a eternamente empurrar uma enorme pedra ao alto de uma montanha, quando consegue colocar a pedra no topo, ela rola para baixo, aí ele começa tudo de novo. Ora nos parecemos com o também mitológico Prometeu, acorrentado no alto de uma montanha, aonde um abutre por 30.000 anos, vem todos os dias devorar o seu fígado, o castigo é que o fígado se regenera...
Por isso vou falar de futebol, assunto sobre o qual não sei nada, mas nada mesmo. O que não me impede de fazer comentários profundos. Como já sabem o “perna de pau absoluto” aí em cima, sou eu mesmo. Os assuntos, como diria o imortal Odorico Paraguaçu, do balípodo (procure no google...) que me interessam acontecem fora das quatro linhas, já que além de não saber jogar bola, não tenho a mínima paciência de assistir a jogos...
Bom, vamos lá. Primeiro a Copa do Mundo. Li outro dia que FIFA irá faturar 5,5 bilhões de reais com a organização da Copa no Brasil, imagina quanto será na Rússia e no Quatar. Esses caras são profissionais da arrogância e do esquema. Uma exigência deles é que os gramados dos campos sejam feitos com uma técnica que mistura de grama natural com grama artificial e essa técnica é exclusiva de uma empresa belga, e por aí vai. Os vendedores de refrigerante e agua de fora dos estádios serão reprimidos. Pessoas ou grupos de pessoas usando camisas de empresas ou marcas que não sejam as patrocinadoras do evento serão retiradas dos estádios. A venda de bebida alcoólica nos estádios que havia sido suspensa será permitida, pois uma cerveja patrocina a copa. Para impedir o uso da ensurdecedora vovuzela inventaram a cachirola que também será licenciada. Enquanto isso o ricardoteixeira goza seu exilio dourado em Miami, em uma mansão de dezenas de milhões de dólares, seu eterno sogro joãohavelange renuncia a presidência de honra da máfia, quer dizer FIFA por causa de recebimento comprovado de propinas. Ao mesmo tempo a legislação de licitações à que todos estamos obrigados foi rasgada para as obras dos estádios, só para ter uma ideia, se o Maracanã fosse implodido e construído de novo teria ficado mais barato. E o pior de tudo que tudo indica que iremos bancar e fazer a festa para os alemães...Deve ser para alegrar a Merkel, ela afrouxar um pouco e nossa economia respirar um pouquinho, deve ser isso...
Outro dia, li uma reportagem onde uma associação inglesa de ex-jogadores de futebol, mostrou uma pesquisa dizendo que os 60% dos atletas quando encerram sua carreira, entram em falência até 5 anos. Vejo esse caso do jogador Bernardo do Vasco, onde o cara foi se meter? Olhem essa tragédia que é o caso Bruno, em algum momento ele achou que ia sair bem disso? Ainda tem o Adriano, o Jobson, isso para ficar apenas na elite. O futebol é um mercado onde o dinheiro é abundante, claro que a meninada fica doida. Mas não cuidar e não orientar os atletas pode fazer com que o processo de decadência que o futebol brasileiro apresenta se acelere ainda mais.
Os campeonatos estaduais caminham para o fim. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e em menor grau no Paraná, Bahia e Pernambuco prevalece a enorme disparidade entre as equipes. De um lado a elite do futebol, composta de atletas que tem alimentação balanceada, cuidados médicos, preparação física e técnicas adequadas, salários elevados, etc. E de outro lado os operários do futebol, que tem de trazer a marmita de casa. Para a maioria dos times que jogaram os estaduais o ano termina agora. Os atletas serão dispensados e os campos serão fechados. A atenção se volta toda para o Campeonato Nacional, nada mais interessa. Isso também é mais um prego no caixão do futebol. Em minha cidade natal, Governador Valadares (não sei dizer se em outras cidades era assim também...) os jogos regionais e dos campeonatos estaduais aconteciam sempre nas segundas-feiras a noite, era campo lotado. Tem espaço para todo mundo, falta o pessoal da CBF e das federações estaduais começar a pensar futebol.

terça-feira, 26 de março de 2013

Conexões - III


Em Veneza existe uma região chamada Ghetto, era uma área onde, na Idade Média havia uma forjaria com esse nome e que depois foi sendo ocupada pela comunidade judaica. A partir daí esse nome passou a designar as regiões de judeus nas cidades europeias, depois passou a significar qualquer local de ajuntamento de minorias étnicas ou sociais. Atravessando o Campo di Ghetto Nuovo, vejo judeus ortodoxos com suas roupas tradicionais. Claro que muitas coisas passam em minha cabeça, mas a primeira é: será que Shylock, personagem de “O Mercador de Veneza” de Shakespeare viveu por ali? Andamos mais um pouco por uma Fondamenta, algumas pontes adiante, está o Campo dei Mori, com seus mouros de pedra do século XII representando comércio de seda. Mais uma vez Shakespeare me vem à lembrança com “Otelo, o mouro de Veneza”. No Grande Canal ainda existe o que seria a casa de Desdêmona e sua família, já que ela era filha de um dos Doges.
Minha imaginação não resiste a fazer algumas conexões. Alguns pesquisadores da vida do bardo inglês, dizem que ele viveu na Itália por pelo menos uns seis anos, por isso tem algumas peças que acontecem lá. Outros pesquisadores italianos dizem que ele, na verdade, seria italiano da Sicília, mais precisamente de Messina, cenário de “Muito Barulho para Nada”. Mas, a despeito da vontade dos italianos o mais provável e mais documentado é que Shakespeare tenha nascido e vivido mesmo na Inglaterra elisabetana, quando os ingleses se lançaram ao mar para fazer frente aos espanhóis e portugueses que, fugindo das bem protegidas rotas venezianas estavam chegando ao oriente contornando a África e criando um novo mercado. Neste período também viveu na Inglaterra Francis Drake, que alguns estudiosos afirmam que era filho bastardo da Rainha Elizabeth. Independente disso Drake era um corsário da coroa inglesa que vivia a saquear os navios que iam do Novo Mundo para a Europa, descobriu um caminho alternativo ao Estreito de Magalhães para contornar as Américas, chamado até hoje de Estreito de Drake, mas morreu de diarreia em frente ao que hoje é a Costa Rica. Diz a lenda que seu corpo colocado em uma armadura de ouro e lançado ao mar. Entre seus feitos nem tão heroicos assim está o saque à cidade espanhola de Cádiz, onde destruiu um parte considerável da frota espanhola, permitindo que um ano depois vencesse a “Invencível Armada Espanhola”. Essa cidade espanhola tem uma história riquíssima que vem desde os fenícios, cartagineses, romanos, visigodos, árabes e cristãos. Foi dela que o genovês Cristóvão Colombo partiu para descobrir o Novo Mundo.
Bom, Gênova era uma República e tinha a Sereníssima Republica de Veneza como sua principal inimiga. Seus conflitos comerciais foram resolvidos em diversas guerras. Genova tinha como parte de seu território a ilha da Córsega que foi perdida para a França em 1768. Por uma dessas ironias do destino, um ano depois, já sendo território francês, lá nasceu Napoleão Bonaparte que mais tarde acabaria com a independência genovesa, tendo sido ela francesa, depois parte do reino da Sardenha e finalmente italiana no final do século XIX quando da unificação da Itália. Bonaparte também conquistou Veneza, de onde levou os cavalos da fachada da Igreja de São Marcos para Paris, onde foram colocados no Arco do Carrousel que fica em frente ao Louvre, no Jardin des Tuileries e que celebra suas conquistas. Mais tarde foram devolvidos, quando da reunificação italiana. Mas esses cavalos já tinham sido objeto de saque, quando Veneza financiou a Quarta Cruzada e em troca do dinheiro pediu dois favorzinhos: conquistar a cidade de Zara, na Dalmácia que poderia vir a ser uma concorrente e saquear Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, com quem tinha algumas contas a acertar. Os cruzados da Quarta Cruzada nunca chegaram à Terra Santa... Os cavalos estavam em Constantinopla, para onde tinham sido levados por Constantino, tirados do Arco de Trajano em Roma, sendo que Trajano já os havia trazido da Grécia como saque, em uma de suas campanhas militares. 
Bom... Trajano foi o primeiro imperador que não nascera em Roma, mas na então província da Hispânia, no que é hoje a Andaluzia, na Espanha. Essa região espanhola mostra até hoje sua forte influência árabe, na arquitetura e na música e é de lá que vem o personagem Cardênio, louco de amor – abandonado pela mulher amada e traído pelo melhor amigo, encontrado por Dom Quixote de La Mancha, vagando pela Sierra Morena, no romance de Miguel de Cervantes. Este personagem influenciou uma das peças de Shakespeare com o mesmo nome, que ficou perdida por 300 anos e só foi encontrada agora em 2010. Impressionante é que Cervantes e Shakespeare morreram no mesmo dia: 22 de abril de 1616.
Deixamos os mouros do Campo dei Mori para trás e vamos pelo becos de Veneza até a praça de São Marcos... Afinal a história é comprida!

domingo, 24 de março de 2013

A Blogueira Cubana


Tivemos outro dia a visita da cubana Yoani Sanchez que tem um blog chamado “Generacion Y”, nunca estive nele, mais por falta de curiosidade mesmo. Não sou contra nem a favor dela, como não leio o blog não posso falar nada. Acredito que todos têm o direito de expressarem suas ideias sem censura, mesmo aquelas mais toscas. Acredito que o ser humano é livre e acho um absurdo os movimentos de censura que tem surgido no Brasil.

A saída da blogueira do Brasil não teve o mesmo impacto da sua chegada, não sei por quê. Como acompanho jornais de outros países, vi pequenas notas sobre sua estada na Republica Tcheca, no México, nos Estados Unidos, acho que na Espanha também, enfim... Ela está um périplo mundial. É seu direito falar mal do governo cubano assim como também condenar o selvagem bloqueio norte-americano à Cuba. Mas o que eu queria falar mesmo é sobre as “manifestações” contrárias à presença de Yoani no Brasil. Foram ridículas e anacrônicas. Tão ridículas e inoportunas que acabaram por dar à sua presença no Brasil um destaque que de outra maneira não teria. Desconfio que essas “manifestações espontâneas” tiveram algum tipo de incentivo da direita. Embora na esquerda existam babacas capazes de pensar em idiotices desse tipo, a direita é bem mais articulada, sei não, sei não...

A visita da blogueira ao Congresso Brasileiro foi desrespeitosa, não por ela que, quero acreditar, por iniciativa própria com certeza não agiria daquela forma. Basta ver sua visita à Nações Unidas e ao Congresso Americano. No Brasil os próprios congressistas, principalmente do PSDB e DEM fizeram um carnaval de constrangimento que seria repelido em qualquer democracia do mundo, mas que aqui mostra bem o que eles pensam das instituições. É impressionante!!

O que mais me impressiona é que a oposição  brasileira hoje não existe. Existem os que são do contra, que queriam estar no governo, mas estão fora e os que têm uma fobia patológica ao PT ou à esquerda, embora não saibam explicar bem por que. A oposição é fundamental para a democracia e esses caras, literalmente c... e andam para isso, querem o poder e pronto. Qualquer oportunidade de avacalhar é aproveitada ao máximo.  E pensar que há um ano o ídolo desse povo era o Demóstenes...fala sério!

Profissões "Novas"


Vi nos noticiário da TV em um fim de semana desses a demissão de ministros e sua substituição por outros. O motivo da substituição é o mesmo da sua demissão e foi o mesmo da sua nomeação. Ninguém está sendo nomeado por seu conhecimento na área ou seja, não irão acrescentar nada, se não piorarem estarão dando fazendo o melhor. Bom... mas no meio disso vi lá, meio desconsolado o agora ex-ministro Brizola Neto, que embora sendo neto do velho caudilho Leonel de Moura Brizola, pouco tem a ver com ele e perdeu a parada para um profissional da cafajestagem que é o ex-ministro Carlos Lupi.
No seu curto período de ministro o Brizola Neto atualizou o Código Brasileiro de Ocupações incluindo profissões como DJs, musicoterapeutas, equoterapeutas, sommelier, barista, ombudsman, agente de inteligência entre uma série de especialidades da farmácia, turismo, terapias, etc. Se quiser ver a lista acesse o site do Ministério do Trabalho em http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/downloads.jsf
Pelo menos isso o ministro levará de sua curta permanência, quase uma interinidade e poderá recordá-la mais tarde nas rodas de conversa da família, como o Pádua,  pai de Capitu faz em  Dom Casmurro. Mas eu queria contribuir com essa lista, fazendo algumas sugestões, vamos lá:
Flanelinha: essa profissão consiste em extorquir dinheiro de pessoas que usam o espaço público destinado ao estacionamento de carros para... estacionarem  seus carros! O dinheiro cobrado destina-se a proteger o extorquido da ação do próprio “profissional”.
Miss Bumbum: essa profissão consiste em explorar determinado atributo físico, natural ou não. Não exige nenhum tipo de conhecimento  ou formação especial e garante  à “profissional” o direito não se sentir ofendida quando for chamada de “cara de bunda”. Tem também a vice-miss bumbum, uma espécie de variação alotrópica do original.
Mulher fruta: essa profissão consiste em associar determinada fruta com algum atributo físico da “profissional”. Exige profundos conhecimentos de fruticultura e biologia e é uma área em ascensão considerando as diversas oportunidades que existem como abacaxi, jaca, jenipapo, mutamba, maracujá, entre outras só pra ficar nas frutas tropicais.
Cantor sertanejo universitário: essa profissão consiste em ser capaz de compor (!??) músicas (???) com refrões fáceis e pegajosos. Exige elevado conhecimento de mecânica automobilística e disposição para usar roupas justas e desempenhar algumas coreografias bem complexas.
Madrinha de bateria: essa profissão consiste em desempenhar uma atividade uma vez por ano, exige os atributos de mulher-fruta e miss bumbum acompanhados de elevado QI que pode ser substituído por um “patrocinador”. Requer também elevado conhecimento de cultura popular, musculação e relações com a “comunidade”.  É uma evolução da antiga profissão “destaque de escola de samba”.
Agitador cultural: profissão com vasta área de aplicação e que exige um conhecimento profundo das demandas baladeiras. No entanto para seu desempenho são necessários alguns quesitos obrigatórios: calça folgada na bunda, cueca aparecendo, camisa xadrez, óculos de aros grossos e cabelo ensebado.
Colunista da Veja: profissão que exige  elevado grau de babaquice e articulações estranhas com o submundo do jogo do bicho. Tem baixa remuneração e pouca oferta de vagas devido à complexidade das exigências.
Blogueira cubana: profissão nova, mas com muitas possibilidades de financiamento.
Manifestante contra blogueira cubana: profissão recente, atividade simples que exige deslocamentos aos aeroportos e locais públicos, disposição para gritar palavras de ordem saídas dos anos sessenta. Não é necessária nenhuma profissão ou formação anterior apenas foco na atuação frente às câmeras  para garantir o sucesso da blogueira cubana.
Ex-BBB: profissão em ascensão, com muitas possibilidades de desdobramento. Para os homens exige-se disposição para andar de sunga todo o tempo, para as mulheres disposição para posar nua. Além disso pede-se baixa ou nula qualificação intelectual, não havendo necessidade de ser alfabetizado sendo dispensável a capacidade de articular duas ou mais palavras com algum sentido.
Tem mais um monte. Mas depois faço outra lista. Fique a vontade para contribuir!

sábado, 2 de março de 2013

As crônicas do perna de pau absoluto – o futebol explica o mundo


Gente, não entendo nada de futebol, como praticante, é claro! Não consigo fazer mais de duas embaixadas seguidas, nunca fiz um gol e na verdade nem gosto muito de assistir a jogos. Mas o mundo futebol me chama atenção desde menino , quando lia  “À sombra das chuteiras imortais” de Nelson Rodrigues, no jornal “O Globo” que meu pai trazia todos os dias. Passei por algumas leituras da revista “Placar” que depois abandonei. Hoje leio o que me cai na mão, mas destaco alguns colunistas que são fundamentais. Sem nenhuma ordem de preferencia indico PVC, Paulo Vinícius Coelho, ele tem um blog http://espn.estadao.com.br/blogs/pauloviniciuscoelho#1; o eterno craque Tostão, tem sua coluna na Folha de São de Paulo, craque na bola e nas palavras é uma das vozes mais lúcidas do futebol brasileiro; também vale a pena ler Renato Maurício Prado em seu blog http://oglobo.globo.com/esportes/rmp/; tem também o programa “Loucos por futebol” da ESPN, com Marcelo Duarte, PVC e Celso Unzelte, esses caras são aqueles que conseguem escalar o time do Racing que perdeu para o Santos em 1961 e ainda descrever os gols feitos! Tem também o mala do Milton Neves e muitos outros.
Claro que o futebol explica o mundo, vamos lá. Vejo esses campeonatos estaduais, são de uma pobreza impressionante. Há um desequilíbrio flagrante entre os times. Nos estados que têm mais de uma equipe na 1ª divisão nacional então, isso fica flagrante. Alguns times preferem escalar reservas, os estádios no interior são caóticos, desorganizados e muitas vezes perigosos. Mas acaba mostrando o lado operário do futebol, nas equipes pequenas, onde os atletas têm contrato apenas por seis meses e depois ficam o resto do ano parados. Vejam o caso do atleta Ditinho, que jogou pelo URT de Patos de Minas, na 2ª divisão estadual ano passado (não entendo a frescuragem de chamar isso de módulo II...). Ele já tem 40 anos, fez carreira como atleta operário em times do interior de Minas e de São Paulo. Ano passado durante um jogo com o Araxá, caiu em campo sentindo fortes dores abdominais, socorrido foi levado para um hospital particular onde foi diagnosticado um infarto devido a graves problemas renais. Bom o que sucedeu depois é um filme de terror. Ele foi abandonado pelo time, que disse que não tinha como bancar seu tratamento e que ele tinha de procurar o SUS. Nenhum problema quanto ao tratamento público, a maioria absoluta dos trabalhadores brasileiro recorre a ele. Ditinho passou por uma grave cirurgia renal, UTI e se recuperou, não mais para o futebol. Foi candidato a vereador em Patos de Minas e foi eleito... A maioria dos ex-atletas, principalmente os operários, não têm esse mesmo destino.
Bom e a morte do menino Kevin, na Bolívia? Podia ter acontecido em qualquer lugar. Aqui no Brasil, é claro, não teria havido grandes repercussões e digo por que. Todos se lembram do massacre filmado de um membro da Máfia Azul (Cruzeirense) por membros da Galoucura em frente ao Pátio Savassi em BH. Identificados os agressores, estes compareceram na Justiça (?) entrando no fórum como se fosse uma guarda pretoriana tamanha a arrogância. Alguns dias depois participavam de reuniões com o Ministério Público e o comando da PM para discutirem questão se segurança (?!) nos jogos em Belo Horizonte, só agora estão presos, mas com certeza serão soltos logo, logo. Alguém duvida que com os Gaviões da Fiel seria diferente? E essa farsa de um “dimenor” se apresentar como responsável? É a primeira que se vê um advogado se empenhar para provar a culpa de seu cliente. As torcidas organizadas são uma espécie de milícia usada por dirigentes dos clubes. Servem para intimidar, assediar, derrubam técnicos que estejam dando atenção para atletas “propriedade” de algum dirigente, intimidam jogadores e torcedores, operam a máfia dos cambistas e por aí vai. Uma torcida organizada dessas de Belo Horizonte é comandada por um ex-deputado federal que a alugava durante as campanhas eleitorais para destruir propaganda, tumultuar comícios dos adversários, criar confusão nos debates. Esse julgamento tem de ser exemplar, a pobre Bolívia vai fazer o que o rico Brasil não tem coragem de fazer.
E a mudança de regras no campeonato nacional? Agora não haverá mais os clássicos regionais nas ultimas rodadas. Isso impedia a entregação e manipulação de resultados que fizeram muitos times campeões. Mas não é isso que os dirigentes querem, eles querem é armação mesmo! E por falar nisso...Todo mundo sabe que no mundo do futebol brasileiro corre muuuuuuita grana que vem de publicidade, venda de produtos dos clubes, ingressos e direitos de transmissão para rádio e TV. Isso dá tanto dinheiro que o ex-presidente da CBF mora hoje em uma mansão de 15 milhões de dólares em Miami, com direito a iate e etc. Ele é genro do Havelange, sua filha dirige o comitê da Copa, futebol é o negócio da família... Agora vem o Ministro Aldo Rebelo querer que os clubes sejam isentos de impostos e previdência. A maioria dos clubes brasileiros apesar de lidarem com um negócio altamente lucrativo está afundada em dividas de impostos. Para qualquer um de nós ficarmos devendo uma moedinha qualquer ao imposto de renda é uma hipótese remotamente improvável, para esses bacanas o tratamento é outro!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Conexões II


Na civilizada cidade de Bruxelas, na Bélgica, além de um monumento ao átomo de Ferro, lembrança de uma Feira Mundial lá dos anos 50, chamado Atomium, existe, a poucos quilômetros do centro, o Museu Real da África Central (Musee Royal de l'Afrique Central) que procura mostrar que os civilizados belgas têm alguma consideração pela África.
Os belgas patrocinaram um dos regimes coloniais mais violentos que se teve história. O que é hoje a República Democrática do Congo (também já foi Zaire), foi o Estado Livre do Congo, uma fazenda do rei belga Leopoldo II. Era um negócio particular do monarca, onde não havia nenhuma lei. Milhões de africanos foram mortos de fome ou de exaustão ou ainda abatidos a tiros em caçadas.  O domínio belga perdurou até 1960, quando se tornou independente. Em sua primeira eleição, elegeu Patrice Lumumba que um dos principais líderes do movimento anti-colonialista. Dois meses após a eleição, Lumumba foi seqüestrado e assassinado por forças especiais belgas, o país ficou em convulsão até 1965, quando o governo foi tomado por Mobutu Sese Seko que, de forma ditatorial e violenta dilapidou o Congo (foi ele que inventou o nome Zaire) por mais de 30 anos, somente de 2006 para cá o país vem conhecendo alguma tranqüilidade.
No início do século XX, o grande escritor inglês (nascido na Polônia) Joseph Conrad escreveu um livro chamado “O Coração das Trevas” onde ele conta a história do marinheiro Marlow que sobe um grande rio da África (ele não diz mas dá toda as dicas que se trata do rio Congo) para resgatar um comerciante chamado Kurtz, que havia enlouquecido e não estava respeitando as normas comerciais. Conrad descreve parte da violência doentia que reinava naquele pedaço do mundo. Bem mais tarde Francis Ford Coppola, faz o fantástico “Apocalypse Now” baseado neste livro. Só que agora o absurdo é a Guerra do Vietnam e o Capitão Marlow recebe a missão de matar o Coronel Kurtz, um condecorado militar das forças especiais americanas que havia se estabelecido no alto rio Mekong e lá criado um território sob sua própria lei. Assistir este filme é tarefa obrigatória de quem quer entender nosso mundo hoje. Mas queria apenas me fixar em uma passagem do filme. Trata-se de um ataque de helicópteros a uma aldeia vietcong, com muita bomba e napalm ( um gel de gasolina e outros inflamáveis que aderia ao que tocasse e aí pegava fogo...). Este ataque é feito ao som de Wilhelm Richard Wagner, A Cavalgada das Valquírias (Die Walküre), veja a cena em  http://www.youtube.com/watch?v=sx7XNb3Q9Ek&feature=related.
Wagner era o compositor preferido de Hitler pela “germanicidade” de sua obra e não porque ele tenha tido alguma coisa com o nazismo. Influenciou Nietzsche, que tinha uma paixão platônica por sua mulher Cosima que era filha de Franz Liszt que entre tantas obras primas teve tempo para ser amigo de Frederic Chopin. Bom o que nos interessa aqui é Chopin autor de Noturnos, Polonaises e Sonatas, entre elas a Sonata nº 2, cujo terceiro movimento é conhecido com Marche Funèbre. Este movimento foi composto antes que fizesse a sonata, e sua solenidade é reconhecida nos seus primeiros acordes, vale a pena ouvir a pianista russa Valentina Igoshina em http://www.youtube.com/watch?v=xPqMd06warU&playnext=1&list=PL721CFC68F34E1061
Vale a pena também ouvir o pianista brasileiro Nelson Freire que gravou todas as composições de Chopin, sendo um de seus interpretes mais conhecidos atualmente.
Bom, apesar de ter vivido sua fase mais produtiva no exílio em Paris, há algumas versões que a Marcha Fúnebre foi composta em seu pais natal, para onde pediu que após a morte fosse levado seu coração ( o corpo está no cemitério Pére Lachese em Paris). Na sua época a Polônia havia sido dividida entre o Império Austríaco, o Reino da Prússia (atual Alemanha) e o Império Russo. A cidade natal de Chopin foi ocupada pelos russos. A Polônia somente voltaria a ser um país em 1918, era a Marcha Fúnebre de seu próprio país...
Quase cem depois de Chopin, a Polônia foi o estopim da Segunda Guerra Mundial quando os nazistas ocuparam o que era a Prússia Oriental após um tratado secreto feito com Stalin para repartir de novo aquele país. Mais de 23mil oficiais do exército polonês que tentaram o apoio dos comunistas para resistirem aos nazistas foram aprisionados por aqueles e executados na floresta de Katyn. Este crime ficou oculto por muitos anos somente tendo sido assumido pelos russos recentemente no governo do sinistro Vladimir Putin. No entanto, em 2010 quando o presidente polonês se dirigia ao povoado de Katyn, que fica na fronteira com a Rússia, para participar de uma cerimônia de celebração do 70º aniversário do massacre, seu avião caiu em território russo matando os quase 100 ocupantes.
Na civilizada Varsóvia, em uma de suas igrejas está enterrado o coração de Frederic Chopin. Esta igreja não foi destruída pelos nazistas pela intervenção de um general alemão, em um acesso de civilidade. O monumento a Chopin foi reconstruído, assim como o de outro polonês muito conhecido que foi Nicolau Copérnico. No final dos anos 80 foi construído um memorial para os soldados massacrados pelos russos. É assim... todo mundo, de uma forma ou de outra celebra suas dores e vergonhas.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Desde que o samba é samba, é assim...


A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba, é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite a chuva que cai lá fora.”
Esses versos de Caetano Veloso, para mim são umas das mais preciosas versões do que é samba. Outra versão é aquela do Vinicius de Moraes:
Pois o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre a esperança
De um dia não ser mais triste não...”
A definição do samba vai por aí, pela tristeza. Lembra aquela clássica definição do Blues : “um homem bom chorando por uma mulher...” Escute “Love in vain” de Robert Johnson cantada pelos Stones e entenda isso (deixo que você mesmo procure no Google, este post é sobre samba...)
Então... Não há época melhor para falar sobre samba do que o Carnaval que aqui no Brasil é marcado pelo samba. Mas como assim?  O samba é tristeza e o carnaval é tudo, menos triste (pra quem gosta , é claro!). Bom, uma coisa nada tem a ver com outra. Tem carnaval em Veneza, tem o Mardi Gras em New Orleans, tem na Alemanha, e lá não tem samba. Aqui é que nós misturamos as coisas. Mas não vou falar da origem do Carnaval, quero falar de samba.
Claro que sua origem está na África e suas manifestações estão em todo o Brasil. O batuque dos antigos escravos com certeza representava uma espécie de ponte com sua origem do outro lado do oceano. Existem muitas manifestações, mas o que hoje conhecemos como samba é uma musica urbana, nascida nos morros cariocas com forte influência do samba de roda baiano (por isso as escolas de samba ainda mantêm suas alas de baianas).
O samba de roda é aquele samba que pode ser marcado com palmas e se caracterizava por improvisação nas rodas. Os exemplos mais próximos que conhecemos são aquelas canções das rodas de capoeira, com palmas, atabaque, ganzá, caxixi e berimbau, ouçam: http://www.youtube.com/watch?v=j2Aqzmk5GGE
A ida do samba de roda para o Rio de Janeiro acabou permitindo a inserção de novos elementos e harmonizações. Nasceu ai o samba sincopado , com introdução de instrumentos de corda e a marcação feita por palmas  feita pelo surdo. O “inventor” dessa nova batida foi um mineiro de Juiz de Fora, Geraldo Pereira, que se mudara para o Rio de Janeiro nos anos 30 indo morar no morro da Mangueira. Ele fez essa transição marcando o seu samba com o violão e serviu de matriz para o samba canção onde foram beber Cartola, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e outros tantos e também  a bossa nova, apesar de estar mais próxima do jazz que do samba. Vejam Roberta Sá cantando Falsa Baiana de Geraldo Pereira: http://www.youtube.com/watch?v=V4-jESpQS78

Outra vertente é o chamado samba de raiz ou partido alto, marcado pelos instrumentos de corda, surdo, pandeiros e em algumas vezes por palmas. Atualmente Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Dudu Nobre e outros o representam bem deem uma olhada em: http://www.youtube.com/watch?v=dvhPcx8P8a0
 Surgiram muitas outras derivações como o samba de breque, o samba exaltação, o pagode, o samba-rock, o samba canção e o samba-enredo que, na verdade, é o objeto deste post desde o início. O samba-enredo é um samba feito para uma escola de samba desfilar no carnaval. Passou ser empregado obrigatoriamente só no final dos anos 40, até então eram utilizadas algumas improvisações. Já nos anos 60 o samba-enredo passou a ser um quesitos para escolha da melhor escola e a partir dos anos 80 a necessidade de marcar o desempenho do desfile, acabou dando ao samba-enredo uma cadencia estranha, de marcha batida, cheio de ôôôô, paradinhas e gritos de guerra. São todos absolutamente iguais. Não conseguimos mais reter as canções e as letras são cada dia mais doidas, lembrando o grande samba de Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta: “O samba do crioulo doido”. Mas neste universo de mesmice, onde não conseguimos mais distinguir uma escola da outra e um ano do outro, algumas coisas persistem como o belíssimo Onde o Brasil aprendeu a liberdade samba ainda sem a marcha batida dos de hoje, da Vila Isabel de 1972, composto pelo engajado Martinho da Vila: http://www.youtube.com/watch?v=pp7OGx2ktfs
Em 1982 acho que o último samba-enredo ainda merecedor de ser chamado de samba apareceu na Sapucaí que foi “É hoje” de Didi e Mestrinho, da União da Ilha do Governador, vejam essa versão do Monobloco, com Pedro Luís e a Parede – muito bom!! (Procure por ele no Youtube) e Serjão Loroza: http://www.youtube.com/watch?v=JCJ1vAA3MqU
Também em 1982, o Império Serrano contou a história do próprio samba com “Bumbum paticumbum prugurundum” de Beto sem Braço e Aluísio Machado, um sambão, mas já anunciava o fim do samba-exaltação e o advento do samba-marcha-cronometrada-batida, mas isso não o desmerece, mas depois dele tudo ficou muito igual, confiram com Arlindo Cruz: http://www.youtube.com/watch?v=zlOumNddMqc
E olha que nem falei de São Paulo, túmulo do samba!

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Falando de poesia


A poesia tem ficado um pouco ausente de nossas vidas. Quando era menino, na escola ler poesia era obrigação, quem não leu “ As pombas” de Raimundo Correia e não ficou embatucado com a “raia sanguínea e fresca a madrugada”? E o Navio Negreiro de Castro Alves? Tinha um colega que conseguia declamar tudo, ainda lembro o final com um dramático “Colombo! Fecha a porta de teus mares”, já dito com a voz embargada.
Essa lembranças me ocorreram em um dia em frente a TV assisti, (naquele breve intervalo  de tempo que minha compulsão de mudar de canal me deixa ver alguma coisa) duas coisas interessantes. Na primeira uma entrevista com Patti Smith, uma poeta do rock que agora lançou sua biografia: Só Garotos, (Companhia das Letras). Ainda não li, mas a entrevista e as resenhas me obrigam a fazê-lo imediatamente. Na segunda, em um dos intervalos da entrevista aparece uma propaganda da Net TV onde um cara toca um violão e canta no estilo Lou Reed.
Bom, Patti Smith é uma espécie de transição do beat para o punk. Levou a poesia para o cenário do rock: “desire is hunger is the fire I breathe. Love is a banquet on wich we feed...”. Tô doido... Estes versos são trecho da letra  da clássica “Because the Night”, composta com  Bruce Springsteen. Existem diversas versões na internet,  mas essa de 1979, ainda com o Patti Smith Group, me pareceu a melhor. Dêem uma olhada: http://www.youtube.com/watch?v=0brHGJ6xqbk&feature=related.
Na entrevista Patti conta sobre a influência que teve dos poetas Allen Gisnberg e Willian Blake. O primeiro era americano, teve participação intensa no cenário dos anos 60 e na formação da cena hippie, foi amigo de Jack Kerouac , devotado seguidor de sexo, drogas e poesia, não necessariamente nesta ordem... O lance com as drogas o fez aproximar-se de Timothy Leary criador do movimento LSD  (League of Spiritual Discovery) que defendia o uso do ácido lisérgico (que acabou tendo como sigla o nome do movimento...) como “ferramenta” de libertação da mente, enfim... doideira pouca é bobagem. Já Willian Blake era inglês e viveu entre os séculos XVIII e XIX. Era poeta e pintor . Suas obras carregadas de sentidos obscuros e místicos inspiraram por muitos anos os esotéricos e eram figurinhas carimbadas na Revista Planeta. Aí temos uma mistura legal que é a cara dos anos 60: liberdade, sexo, drogas (muitas drogas...) poesia, música, esoterismo, misticismo. No livro, o painel deste anos 60/70 são o pano de fundo para a formação de Patti, narrada através de sua história e vida com o fotógrafo Robert Mapplethorpe.
Bom, Patti Smith vive e viveu a maior parte de sua vida em New York, cenário por onde trança e também vive Lou Reed. Ele levou temas mais adultos para o rock dos anos 60 que ainda estava na sua adolescência, também levou mais cultura e uma postura, digamos assim, alternativa. Suas músicas são para ambientes pequenos, com barulho de copos, conversas e muita fumaça de cigarro. Ouça  a barra pesada “Walk on the wild side”, no link: http://www.youtube.com/watch?v=qkwD261MHsc&feature=related., atenção para as “colored girls”…
Não é só New York que une os dois, mas sim uma atitude rock’nroll, visões ácidas e ao mesmo tempo românticas de uma realidade crua. Vejam este trecho do filme “Faraway, so close” de Wim Wenders, onde o anjo Cassiel depois de virar humano em Berlim, vai a um show de Lou Reed, que toca “Why can’t I be good”. Está em : http://www.youtube.com/watch?v=2S3U_lHWR9M. Vale a nota que o filme é de 1993, pós queda do Muro,  tem uma trilha sonora interessante e a bela presença de Natassia Kinski como a “anja” Raphaela. Em 1998 houve uma versão americana deste filme, chamada “City of Angels” que fica muito longe do original, tudo bem  que o filme tem na sua trilha sonora “Uninvited” da Alanis Morissette, com aquele arranjo de orquestra e tudo mais, e o fantástico blues “Red House” de Jimi Hendrix, mas não vale a pena assistir só por isso.
Fico tentando achar a conexão que me fez, vendo Patti Smith, lembrar Raimundo Correia e Castro Alves. Não saberia dizer, o poeta das pombas flertou com o simbolismo, não sei... já o poeta dos escravos era da escola romântica...sei lá... Acho que não ajudou nada, vou mudar de canal!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Só uma mentirinha...


Um americano chamado Frank T. Hopkins nasceu em New Jersey, Estados Unidos em 1865 e lá viveu boa parte de sua vida, até que nos 1930’s resolveu criar outra vida para si. Dizia que nasceu no Texas de uma mãe sioux e pai cowboy, que havia trabalhado no Buffalo Bill Wild West Show, com o qual o legendário cowboy rodava os Estados Unidos, que era amigo do presidente Theodore Roosevelt. Que havia participado, e vencido corridas fantásticas de cavalo cruzando o país e que o ponto alto de sua vida tido sido uma corrida de 3.000 milhas (quase 5.000 km!) com seu cavalo Hidalgo, através dos desertos da Arábia Saudita em um desafio proposto pelo próprio sheiq  árabe. Sua história acabou rendendo livros e até um filme ( Mar de Fogo, 2004) feito pelos estúdios Disney “ baseado em fatos reais”. Mas era tudo mentira, tudo que ele disse que fez nunca existiu, Hopkins tirara tudo de sua imaginação. Morreu em 1951 no mesmo estado que nasceu.  Era talvez um cara entediado com a própria vida que, revoltado com ela resolveu escrever outra história, muita gente acredita nele até hoje, há um site para sua “biografia”.
Essa história me vem à memória quando no mesmo dia deparo com três notícias aparentemente dispares entre si nos jornais. A primeira refere-se a renuncia da ministra da Educação da Alemanha, que teve seu titulo de doutora cancelado pela Universidade após 33 anos, pois se provou que havia 61 páginas de plágio descarado em sua tese. Deve ser comum isso lá, pois há uns dois anos outro ministro alemão havia renunciado pelo mesmo motivo. Dê uma olhada em http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1228733-ministra-da-educacao-da-alemanha-renuncia-apos-acusacoes-de-plagio.shtml
A segunda notícia refere-se a um pretenso jogador de futebol , chamado Rodrigo Souza que aos 26 anos já jogou em 16 times, entre eles Vasco, Botafogo, Flamengo, foi revelado no América-MG, foi campeão pela seleção brasileira sub-17, embora nenhum desses clubes o conheça ou tenha qualquer registro de sua passagem lá, nem na própria CBF existe um registro seu como atleta. Claro que nada disso o impediu de dar entrevista na TV, confira em http://www.lancenet.com.br/minuto/Flamengo-unica-vitima-Gasparzinho_0_861514040.html
Mas a pior história é de um tal de Nelson Moralle Junior, que pegou o disco de um compositor chamado Pedro Boi, de Montes Claros e o copiou integralmente, apenas dublando a voz original. Mudou os títulos das canções, atribuiu todas a si mesmo e inventou mais um monte de coisas na maior cara dura, leia em http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,balada-numero-171,994846,0.htm
Vejam o caso da segunda guerra do Iraque (2003 até hoje...). Ela foi baseada em uma mentira criada pelo governo americano, endossada pelo governo inglês e “comprada” pelo jornal Washington Post. Nunca foram encontradas as tais armas de destruição de massa, mas o incomodo ex-aliado Saddam Hussein foi tirado do caminho e os negócios de petróleo da Família Bush foram preservados. Lembrando que a primeira guerra do golfo (1990-1991) foi detonada pelo Bush Pai
Não consigo atribuir apenas ao tédio de uma existência mesquinha este tipo de comportamento. Com certeza há algum componente patológico nisso aí. Mas não tem jeito, a mentira sempre aparece uma hora ou outra. O motivo é que toda mentira bem elaborada é perfeitamente lógica, na mentira tudo faz sentido, embora (como disse a escritora Patrícia Melo) a realidade nem sempre faça!

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Conexões - I


As pessoas que assistem ao BBB, Big Brother Brasil, com certeza, devido ao QI mínimo para entender as "tramas" do programa nunca ouviram falar de George Orwell, escritor inglês autor do clássico “1984”, onde está o Grande Irmão ou Big Brother. O Grande Irmão vigia todos com câmaras (chamadas por ele de teletelas), microfones, espiões, etc. Ele quer fidelidade total. Cria até um novo idioma a "novilingua" onde pela supressão de palavras e alteração de seu sentido através do "duplipensar" será impossível pensar alguma coisa contrária ao grande irmão. A leitura de “1984”, claro, é incompatível com o BBB, mas àqueles que ainda resistem nas barricadas da inteligência e que não leram, corram para ler.

George Orwel, em busca de sua carreira como escritor morou em Paris, no período entre as duas Guerras Mundiais, mais precisamente da Rue Pot de Fer na região do Quartier Latin. Essa rua, sem grandes atrativos cruza com a Rue Mouffetard, essa sim uma rua histórica, ainda dos tempos dos romanos, a arena da Lutécia ainda está ali perto como testemunha desse tempo. Nessa rua existe a Place de la Contrescarpe, cheia de cafés charmosos onde Hemingway, John dos Passos, Joyce e outros também viveram. Não sei se Orwell era amigo de Hemingway, mas de comum além do Quartier Latin, têm o fato que ambos lutaram como voluntários na Guerra Civil Espanhola.

A guerra Civil Espanhola foi uma espécie de vestibular para o nazismo. A obscuridade e a violência irracional venceram a esperança de um mundo melhor e a bela Espanha foi mergulhada por 40 anos nas trevas do fascismo. Até a década de 1970 lá havia pena de morte aos inimigos do estado, aplicada com um instrumento, provavelmente criado por Tomás de Torquemada e aperfeiçoado pelo Franco, chamado garrote vil, que não vou descrever aqui, mas se você tiver curiosidade digite o Google e veja. O ultimo executado, sob protestos do mundo todo em 1974, foi um catalão chamado Salvador Puig Antich, que lutava contra o terrorismo de estado do regime franquista.

Por causa dessa história não me espantei, no ano passado quando num lugarejo da Espanha, chamado La Pedraja de Montillo foi descoberta uma vala comum onde estavam enterradas vítimas, possivelmente de execução, da Guerra Civil. Não conheço a Espanha, mas me valho de alguns segundos de pesquisa para descobrir que este lugarejo está próximo da cidade de Valladolid, na província de Castela, tendo um passado remoto desde os romanos, depois os celtas, os árabes e por fim os castelhanos. Já foi sede da coroa espanhola lá pelo século XVI, e é lá também que está enterrado Cristóvão Colombo.

Este cara é um mistério. Dizem que era genovês, outros afirmam que era judeu, mas muitos têm certeza que era um agente a serviço de Portugal, que com sua proposta de navegação sempre para o oeste,de modo a dar a volta ao mundo e assim chegar às Índias, atrasaria os espanhóis garantindo assim a rota do Atlântico aos portugueses. Bom, o misterioso Colombo chegou ao Caribe, mais precisamente na ilha que hoje é dividida pela República Dominicana e o Haiti, a que ele chama de Hispaniola, o resto sabemos...

Nenhum país tem a vocação para a tragédia e miséria que tem o Haiti. Primeiro país do mundo a abolir a escravidão e segundo a se tornar independente das Américas, foi também uma próspera colônia primeiramente espanhola, depois francesa, garantindo riqueza aos seus senhores com o cacau e o açúcar. No entanto por ter uma população basicamente negra, oriunda dos escravos trazidos da África e ter afrontado as potências com um governo de negros livres, foi mantida em bloqueio comercial por mais de 60 anos, o que deve ser a origem de sua situação de pobreza, ignorância e corrupção endêmicas. O terremoto acontecido, apenas ressaltou ao mundo o seu estado permanente de abandono. Há um filme muito interessante, que em seu lançamento em 1969, foi censurado pela ditadura brasileira, chamado “Quemada!”, estrelado por Marlon Brando, que pode nos ajudar a entender estes dramas que têm como pano de fundo apenas interesses comerciais.

O bloqueio comercial ainda é uma arma, vejam Cuba, que já sofre isso desde a sua Revolução de 1959. Não quero falar aqui, pelo menos por enquanto, das questões políticas que envolvem a Ilha, mas quero falar de música.Outro dia revi pela enésima vez o fantástico filme “Buena Vista Social Clube”. Ouvir Chan Chan com Compay Segundo, Ibrahim Ferrer entre outros e com a guitarra de Ry Cooder ao fundo, com certeza é muito melhor que discutir porque o Fidel... Porque o Chavez... Porque o Obama... A crise dos mísseis... O assassinato do Kennedy... Enfim, haveria conexões demais. Mas a música cubana tem a mesma influencia africana que a nossa tem, mas suas guitarras nos remetem a música flamenca com sua forte influência árabe.

Não dá para falar de música flamenca sem falar do andaluz Paco de Lucia. Vale a pena ouvir qualquer coisa dele, mas em especial o Concierto de Aranjuez de Joaquim Rodrigo, apesar de não ser música religiosa, com certeza nos faz ficar mais perto do céu. Também não dá para falar do flamenco sem citar o madrilenho Manzanita, precocemente falecido aos 48 anos. Uma de suas composições mais famosas foi musicar um poema do também andaluz Federico Garcia Lorca, “Romance Sonámbulo”, que está no Romancero Gitano, cujos primeiros versos reproduzo abaixo

Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas la están mirando
y ella no puede mirarlas.

Devo confessar que o Fagner gravou isso, mas não vou fazer nenhuma conexão deste fato e ninguém pode provar que eu ouvi... O espírito livre de Garcia Lorca bateu de frente com a obscuridade dos nacionalistas espanhóis que o executaram aos 38 anos, durante a Guerra Civil Espanhola e sumiram com seu corpo com certeza, enterrado em uma vala comum, como essa de La Pedraja de Montillo. Entre seus amigos mais próximos estava o pintor catalão surreal Salvador Dali, que saiu da Espanha antes da guerra se mudando para Paris, onde está o Museu Salvador Dali em Montmartre. Provavelmente Dali, que morava em Montmartre não atravessava o Sena para ir ao Quartier Latin... Talvez por ser polêmico, exótico e muito louco, acabou tomando a mulher de seu amigo, o poeta francês Paul Eluard,este sim frequentador dos cafés da Contrescarpe e cuja militância política fez com que lutasse na Guerra Civil Espanhola como George Orwell.

Transformar a liberdade em poemas, canções, pinturas e atitudes, era isso que o Grande Irmão queria evitar ao vigiar todos. De certa forma o BBB faz isso, mostrando o quanto o ser humano pode ser mesquinho, sentimo-nos todos vigiados também.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Rock é assunto sério – parte 2

Bom, depois daquela pequena introdução, vamos ao que interessa, os riffs imortais. O uso da guitarra no rock vem daquela máxima de Muddy Waters: “O blues teve um filho, ele se chama rock’nroll” . Já falei de Robert Johnson, bluesman, morto aos 27 anos, depois de beber um Bourbon envenenado (uns dizem que foi um marido enciumado, outros que fora a mulher- também enciumada), seus riffs é que marcaram uma espécie de início do rock, já que diversos roqueiros foram beber nessa fonte, por isso vou comecar pelos Rolling Stones, que trazem a marca do blues em suas músicas.

Satisfaction, gravada em 1965 foi o primeiro sucesso dos Rolling Stones e os marcou como uma espécie de anti-Beatles, o riff inicial é reconhecido em qualquer lugar do mundo. Enquanto os garotos de Liverpool, embora filhos de estivadores do cais, eram certinhos, as Pedra Que Rolam, mesmo sendo de classe média alta e tendo o que de emelhor a educação britânica pudesse dar, eram assim meio badboys, inaugurando a trilogia sexo-drogas-rock’nroll. A música é de Keith Richards, que é uma lenda dentro da lenda, o verdadeiro pai de Jack Sparrow, que trocando o sangue e cheirando as cinzas do pai ainda dedilha seus famosos riffs. Na internet existem diversos vídeos dos Stones , já que cantam seu tédio há quase cinqüenta ano, pois é... Mick Jagger dizia que não queria chegar aos quarenta anos cantando Satisfaction... Os Stones, mesmo cheio de rugas continuam sendo uma máquina do rock, todas as suas apresentações são perfeitas, qualquer busca na internet trará sempre ótimas performances, por isso não indicarei nenhuma em especial.

Jumpin’Jack Flash traz Keith Richards fazendo uma releitura do riff inicial de Satisfaction. Esta música inaugura aquela fase meio diabólica dos Stones, começada no álbum anterior “Their Satanic Majesties”. A influência do animismo dos antigos escravos do delta do Mississipi, o pacto de Johnson na encruzilhada e um sonho de Keith Richards em sua casa de campo no interior da Inglaterra, reforçam a lenda que são estes caras.
O mais antigo show que achei show é esse mostrado no link http://www.youtube.com/watch?v=LJ9D0UHP7x4, onde a formação ainda tem Bill Wyman e Mick Taylor. A música está no álbum Beggar’s Banquet, que marca a retomada do Rythm and Blues que é a marca dos Stones.

Já que falei dos Beatles não dá para falar de riffs sem falar de Something. Com certeza uma das mais apaixonadas canções já gravadas. Vai de Elvis Presley a Frank Sinatra, teve mais de 150 versões e foi um dos maiores sucessos dos Beatles, onde a dupla Lennon e McCartney monopolizava a autoria das músicas. A lenda diz que John e Paul concordarem em colocar a musica apenas para tapar um buraco do álbum Abbey Road. Vale dizer que este álbum foi o último gravado pelos Beatles, já que Let it be foi uma montagem de faixas que já estavam gravadas. De todas as versões a mais notável é uma que não tem a presença de George, falecido em 1999. Está em “Concert for George” de 2002 e tem as presenças de Paul, Ringo e solos fantásticos de Eric Clapton veja em
http://www.youtube.com/watch?v=S7_MsY2IJz4&feature=related
Perfeita!!! Eu acredito que o melhor de George está em While my guitar gently weeps, vale a pena ver a versão que está em http://www.youtube.com/watch?v=T7qpfGVUd8c que está em “Concert for BanglaDesh” de 1971, organizado por George para socorrer aquele país que havia sido devastado por um furacão. Os solos de guitarra são de Eric Clapton, Ringo está na bateria.Rock também é história de amor. Veja só, Eric era o melhor amigo de George e se apaixonou por sua mulher Pattie Boyd, para quem George tinha composto Something . A dor de cotovelo de Eric rendeu a belíssima Layla. George e Pattie se separaram, ela se casou com Eric e depois se separaram também...Sem finais felizes, please, isso aqui é rock!!!

Continuando com os ingleses, não dá para não citar Led Zepellin em dois momentos também. Bom, eu sempre tive para mim que musica Americana boa é , como diz Djavan : música de preto o bom rock é inglês. Vejam Whole lotta Love, rockão pesado, com riffs e batidas contagiantes. Gravada em 1969, é uma espécie de marco do hard rock e do heavy metal. Bom, mas aqui temos um problema, o Balão de Chumbo foi acusado de plagiar uma canção chamada You Need Love, do baixista de blues Willie Dixon. Depois de diversas demandas jurídicas, acabou-se em um acordo onde o nome de Dixon foi incluído como autor. Acho que isso só comprova a raiz R&B do rock. Acho que a melhor versão é essa gravada em um concerto no Madison Square Garden em 1973 e que pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=PU-PoUwECjI
Mas nem só de heavy rock vivem os riffs, como a gente vê em Something. O Led Zeppelin também fez Stairway to heaven – todo mundo que quer aprender a tocar guitarra quer fazer o riff inicial dessa música. No filme Bruce’s World, traduzido no Brasil para “Quanto mais idiota melhor” , os protagonistas vão a uma loja de instrumentos musicais para comprar uma guitarra Fender Stratocaster e ao experimentá-la com os primeiros acordes de Stairway to heaven o vendedor mostra um cartaz que proibe tocar esta música. Quer fundo musical melhor para ficar down do que essa música?? Trilha sonora obrigatória para funeral de surfista, tem uma letra bem estranha, cujo real significado somente Jimmy Page e Robert Plant podem explicar. Apesar de ser uma música com mais de oito minutos de duração até hoje é uma das mais tocadas nas rádios americanas. Na internet essa música tem dezenas de sites, alguns com mais de 17 milhões de acessos, mas o vídeo que está no link a seguir é o melhor, vejam:
http://www.youtube.com/watch?v=FyabIKB2CWI&feature=related

A bola continua ainda com os ingleses. Apesar de não ser tão conhecida Paranoid do Black Sabbath tem seu lugar garantido em qualquer lista de riffs imortais. Uma espécie de pai do Heavy Metal de poucos acordes, guitarras distorcidas e batidão, eles mesmos não se identificavam assim, preferindo dizer que tocavam blues pesados e distorcidos. A letra de Paranoid é bem blues, diferente do lado meio obscuro e satânico que foram tomando, engrossando uma das lendas do rock que é a de que Ozzy Osbourne comeu um morcego vivo durante uma de suas apresentações. Quando de sua vinda ao Brasil para o Rock in Rio em 1985, surgiram até versões das profecias de Nostradamus dizendo que a vinda de Ozzy era o prenúncio do fim do mundo, tragédias ocorreriam, nada disso aconteceu, nem um morceguinho foi comido vivo para tristeza dos metaleiros que encheram aquela noite. Cuidado ao procurar por Paranoid na internet, você vai acabar achando uma baba de um conjunto paquito-menudo que provavelmente vai fazer muito mal. Achei uma gravação de 1970, não haviam clips e MTV : http://www.youtube.com/watch?v=NZyVZFJGX5g&feature=related
. Tenso!

Como o rock é filho do blues, não dá para deixar de falar de Janis Joplin, morta precocemente de overdose de heroína aos 27 anos, em 1973. Ela não deixou nenhum riff, mas a introdução de Summertime é reconhecida de longe. A música é dos irmãos Ira e George Gershwin que nada têm a ver com rock’roll, é um blues que foi gravado por Miles Davis, Ella Fitzgerald, Charlie Parker, entre outros, a letra é tolinha, e fica bem irônica na voz rebelde de Janis. Essa gravação é da apresentação em Woodstock, onde os solos de guitarra são de Jimmi Hendrix, versão bem melhor que a original, vejam: http://www.youtube.com/watch?v=daG_iY0iKPc&feature=related. O estado de doideira dos dois era tanto que as imagens foram descartadas do filme Woodstock, ficando apenas o registro sonoro, suficiente para imortalizá-los.

Mas, doideira pouca é bobagem, se não for para ser doido o tempo inteiro é melhor nem começar. Kurt Cobain é a prova morta disso tudo, se matou aos 27 anos com um tiro, alguns dizem foi sua mulher Courtney Love que o matou, enfim isso é rock! O Nirvana foi, mesmo sem querer, uma espécie de carro-chefe do rock grunge, filho do punk rock. Este estilo estranho era meio angustiado, marcado por vozes roucas e guitarras distorcidas, com alternância de levadas rápidas e levadas arrastadas, enfim... Vale a pena ouvir o primeiro sucesso da banda, Smells Like Teen Spirit o clip traduz bem o clima da música, embora seja difícil entender a relação entre um mulato, um albino, um mosquito e a libido... vejam : http://www.youtube.com/watch?v=hTWKbfoikeg  Outra música do Nirvana que, por seu riff, merece ser ouvida ou re-ouvida pelo menos umas 50 x 1032 vezes é Come As You Are que também está no álbum Nevermind. O riff nesta música é do baixo. A melhor versão, em minha opinião está no Unplugged MTV, feito pouco antes da morte de Kurt. O ambiente do show já era meio de velório, com flores e velas... http://www.youtube.com/watch?v=gEcm1yIlX8QCaetano Caetano Veloso tem uma versão desta música em seu CD A Foreign Sound, acompanhado por Jacques Morenlembaum que beira a perfeição!! Embora haja alguma resistência vale a pena ver o resultado.Tudo bem... Ele gravou Feelings também neste disco... Fazer o que? Cortar os pulsos por ter ouvido??? http://www.youtube.com/watch?v=Nh6NlUgJoRE&feature=related

E para acabar.Algumas músicas por si, já são lenda, é o caso de Smoke on the water, sem dúvida o mais famoso riff do rock. Os ingleses do Deep Purple foram gravar um disco em Montreaux, Suissa em 1971 e outra lenda do rock, Frank Zappa and The Mothers of Invention estava lá para dar um show no Cassino onde o disco seria gravado. No meio do show um maluco soltou um foguete dentro do teatro que atingiu o teto e o teatro pegou fogo. O Deep Purple foi transferido para outro local onde então gravou seu disco “Machine Head” e ao verem a notícia do incêndio nos jornais onde uma foto mostrava a fumaça se espalhando sobre a água, aproveitaram um riff que já tinham pronto e contaram todo o caso, o resto é história: rock’n roll na veia!!!!! O conjunto acabou ainda na década de 70 e só voltaram em 1984. Os caras estão velhos, mas o lobo perde os pelos, mas não perde as garras, veja o que Steve Morse, que é da ultima formação da banda, faz na guitarra e Ian Gillan nos vocais ainda manda ver: http://www.youtube.com/watch?v=olnGNkgAE6c&feature=related  Compare com a gravação de 1973, onde a guitarra era tocada por Ritchie Blackmore, autor do riff: http://www.youtube.com/watch?v=axOvTex6ET0&feature=related

Bom, chega de falar de rock, na próxima volto à política e ao futebol... Talvez ainda sobre espaço para samba, quem sabe?

Rock é assunto sério – parte 1



 
Gente, esse negócio de política e escândalos me deixou sem vontade de escrever. Tem tanto babaca dando pitaco em tudo que eu seria apenas um a mais... Mas como babaquice não conhece limites: aqui estou eu! Minha paixão por rock’nroll vem desde menino: muito tempo, véi... Claro que o rock explica o mundo, desde que o rock é rock, é claro. Antes disso havia, digamos assim, manifestações, esparsas e desconectadas do fenômeno rock’nroll. Alguém duvida que Mozart e Beethoven fossem roqueiros?  Einstein e o doidaço Tycho Brahe (deixo pra você que pesquise sobre este cara no Google)? Alguns poetas como Camões, ou mesmo Castro Alves?  Descartes, Sócrates?? É muita história... Mas, eu queria mesmo era falar de rock, o bom e velho rock´n roll, mas ando desanimado também, acho que o clima não está para isso... Há uns dois anos , com muito esforço fiz, junto com meu personal consultor para assuntos de rock e música em geral o bom e velho (nem tanto assim, é claro...) Edelvandro -enquanto ele tomava umas antárticas e eu entornava sem dó uns cinco copos de guaraná; uma lista dos riffs imortais que podem ser vistos no YouTube e também algumas performances notáveis de quarenta ou mais anos atrás que são repetidas até hoje pelas “novas”estrelas.

Por exemplo, quem não acha essa Lady Gaga meio , digamos assim, trash ? A mulher parece uma formiga e paga de “fatal”! Ir em uma premiação vestida de carne? Nem o Ozzy nos tempos em que ainda controlava seus esfíncteres  pensou nisso.  E a Amy Winehouse ? Foi uma espécie de revival de grandes doidões suicidas como Janis, Jimmi Hendrix e Jim Morrison (sobre este há dúvidas, vou voltar nisso nas lendas do rock). Amy foi se matando frente a todos bem no estilo Sid Vicious, se bem que nessa história do falecido SexPistol a lenda diz que foi a própria mãe quem lhe ministrou a overdose mortal e que ela teria confessado isso pouco antes de morrer... também de overdose. Mais rock’nroll impossível!!

Bom, vamos ao que interessa. Depois de muita discussão, onde a Cida acabou definindo alguns pontos importantes, fizemos essa lista, que segue com alguns comentários e os links para que possam ver/ouvir. Começamos com alguns que são, obviamente, hors-concours. Primeiro Chuck Berry , poderia começar com “Maybelline” (http://www.dailymotion.com/video/xbryk_chuck-berry-maybelline_music) , passar por “You never can tell” , impagável com John Travolta e Uma Thurman dançando em Pulp Fiction. Mas a imortal “Johnny B. Good”  tem sua melhor seqüência no filme “De volta para o futuro 1”, onde o ator Michael J. Fox apresenta a música antes mesmo que ela exista e um dos músicos do conjunto do baile da escola liga para o Chuck e ele acaba sendo inspirado por ele mesmo... Rock`nroll é isso, Chuck Berry fields forever.... Outro hors-concours é Jimmi Hendrix, sua lendária apresentação em Woodstock tocando o hino nacional americano é disciplina obrigatória para qualquer iniciado em rock, quem viu viu, mas quem não viu pode ainda assistir toda a apresentação de Jimmi Hendrix em Woodstock pelo link http://video.google.com.br/videoplay?docid=-3981364972665945187# . Mas não deixo de registrar aqui a performance de “Wait until tomorrow” por John Mayer, em http://www.youtube.com/watch?v=bww30yl3Jps. Veja!!!!

Também na galeria dos imortais, a fantástica apresentação do então casal Ike & Tina Turner em 1971 no Carnegie Hall em New York (registrado no álbum What you hear is what you get), a interpretação de “Proud Mary” do Creedence Clearwater Revival é definitiva, depois disso ouvir a versão original em ritmo de musica country é impossível! A poderosa guitarra de Ike e a voz rascante de Tina criam um momento mágico do rock, dá vontade de largar o emprego e ir trabalhar num barco no Mississipi... Os acordes da primeira parte imitam o movimento da grande roda da ” Proud Mary, the  river boat queen”, a segunda parte é puro rock! Em que pese a barra pesada que viviam há um excelente filme sobre a vida deles: Tina. Mas para quem imagina que foi Beyoncé que inventou o rebolado, veja  Tina e as Ikettes dançando e tire suas conclusões.  http://www.youtube.com/watch?v=54XRNQ2C2x0.

E, last but not least, temos Eric Clapton. Outro pré-requisito para ser aprovado na escola do rock é ter assistido a ópera-rock Tommy, do The Who, pelo menos umas dez vezes. Quem assistiu lembra-se da cena de um culto estranho (o filme é bem surreal...) onde o “preacher” é ele mesmo: Eric Clapton!!! (Tina Turner aparece no filme também em uma antológica “Acid Queen”). Quem descobriu Bob Marley para o mundo foi ele, quando gravou “I shot the sheriff”, só isso já valia a história toda e a gente poderia parar por aqui, mas assista essa impressionante apresentação feita no Hide Park em Londres : http://www.youtube.com/watch?v=6Iugs4pSpgY ). Veja também duas outras performances, a primeira com “Crossroads” do lendário bluesman Robert Johnson, narrando seu pacto na “encruzilhada” , existem diversas apresentações na internet, mas essa vale a pena pelo arranjo mais pesado, veja em http://www.youtube.com/watch?v=-twOjwBORwg . A segunda  performance com o cantor e multi-instrumentista americano Baby Face em “Change the world” do filme “Phenomenon”, apresentada no “Baby Face Unplugged” da MTV e disponível em http://www.youtube.com/watch?v=9RRVD1ihAEA.  Tudo bem que o filme é uma baba do John Travolta nestes lances de cientologia, uma religião esquisita que atores americanos inventaram, mas é assim: rock’nroll, capítulo 1, versículo 20, século 21...

Só para concluir esta primeira parte, lembro que usei alguns versos do Gilberto Gil, da música Chuck Berry Fields Forever, que está em “Doces Bárbaros”, pra quem duvida que a raiz do rock está na África veja a letra aí embaixo.

 
Chuck Berry Fields Forever


 
Trazidos d’África pra Américas de Norte e Sul
Tambor de tinto timbre tanto tonto tom tocou
E neve, garça branca, valsa do Danúbio Azul
Tonta de tanto embalo, num estalo desmaiou
Vertigem verga, a virgem branca tomba sob o sol
Rachado em mil raios pelo machado de Xangô
E assim gerados, a rumba, o mambo, o samba, o rhythm'n'blues
Tornaram-se os ancestrais, os pais do rock and roll

Rock é o nosso tempo, baby, rock and roll é isso
Chuck Berry fields forever
Os quatro cavaleiros do após-calipso, o após-calipso
Rock and roll, capítulo um, versículo vinte
-Sículo vinte, século vinte e um
Versículo vinte, -sículo vinte, século vinte e um

Recomeçando...

Gente,

Mudei de provedor do Blog e depois de um período de preguiça, muita preguiça, retomo essas mal-traçadas. A idéia é falar do que gosto: politica, economia, rock'nroll, futebol, cozinha e otras cositas más... não necessariamente nesta ordem!!!!
Enquanto atualizo os assuntos vou publicando uns posts antigos, mas em versão atualizada e ampliada.
Grande abraço a todos.

Luiz