terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Conexões - I


As pessoas que assistem ao BBB, Big Brother Brasil, com certeza, devido ao QI mínimo para entender as "tramas" do programa nunca ouviram falar de George Orwell, escritor inglês autor do clássico “1984”, onde está o Grande Irmão ou Big Brother. O Grande Irmão vigia todos com câmaras (chamadas por ele de teletelas), microfones, espiões, etc. Ele quer fidelidade total. Cria até um novo idioma a "novilingua" onde pela supressão de palavras e alteração de seu sentido através do "duplipensar" será impossível pensar alguma coisa contrária ao grande irmão. A leitura de “1984”, claro, é incompatível com o BBB, mas àqueles que ainda resistem nas barricadas da inteligência e que não leram, corram para ler.

George Orwel, em busca de sua carreira como escritor morou em Paris, no período entre as duas Guerras Mundiais, mais precisamente da Rue Pot de Fer na região do Quartier Latin. Essa rua, sem grandes atrativos cruza com a Rue Mouffetard, essa sim uma rua histórica, ainda dos tempos dos romanos, a arena da Lutécia ainda está ali perto como testemunha desse tempo. Nessa rua existe a Place de la Contrescarpe, cheia de cafés charmosos onde Hemingway, John dos Passos, Joyce e outros também viveram. Não sei se Orwell era amigo de Hemingway, mas de comum além do Quartier Latin, têm o fato que ambos lutaram como voluntários na Guerra Civil Espanhola.

A guerra Civil Espanhola foi uma espécie de vestibular para o nazismo. A obscuridade e a violência irracional venceram a esperança de um mundo melhor e a bela Espanha foi mergulhada por 40 anos nas trevas do fascismo. Até a década de 1970 lá havia pena de morte aos inimigos do estado, aplicada com um instrumento, provavelmente criado por Tomás de Torquemada e aperfeiçoado pelo Franco, chamado garrote vil, que não vou descrever aqui, mas se você tiver curiosidade digite o Google e veja. O ultimo executado, sob protestos do mundo todo em 1974, foi um catalão chamado Salvador Puig Antich, que lutava contra o terrorismo de estado do regime franquista.

Por causa dessa história não me espantei, no ano passado quando num lugarejo da Espanha, chamado La Pedraja de Montillo foi descoberta uma vala comum onde estavam enterradas vítimas, possivelmente de execução, da Guerra Civil. Não conheço a Espanha, mas me valho de alguns segundos de pesquisa para descobrir que este lugarejo está próximo da cidade de Valladolid, na província de Castela, tendo um passado remoto desde os romanos, depois os celtas, os árabes e por fim os castelhanos. Já foi sede da coroa espanhola lá pelo século XVI, e é lá também que está enterrado Cristóvão Colombo.

Este cara é um mistério. Dizem que era genovês, outros afirmam que era judeu, mas muitos têm certeza que era um agente a serviço de Portugal, que com sua proposta de navegação sempre para o oeste,de modo a dar a volta ao mundo e assim chegar às Índias, atrasaria os espanhóis garantindo assim a rota do Atlântico aos portugueses. Bom, o misterioso Colombo chegou ao Caribe, mais precisamente na ilha que hoje é dividida pela República Dominicana e o Haiti, a que ele chama de Hispaniola, o resto sabemos...

Nenhum país tem a vocação para a tragédia e miséria que tem o Haiti. Primeiro país do mundo a abolir a escravidão e segundo a se tornar independente das Américas, foi também uma próspera colônia primeiramente espanhola, depois francesa, garantindo riqueza aos seus senhores com o cacau e o açúcar. No entanto por ter uma população basicamente negra, oriunda dos escravos trazidos da África e ter afrontado as potências com um governo de negros livres, foi mantida em bloqueio comercial por mais de 60 anos, o que deve ser a origem de sua situação de pobreza, ignorância e corrupção endêmicas. O terremoto acontecido, apenas ressaltou ao mundo o seu estado permanente de abandono. Há um filme muito interessante, que em seu lançamento em 1969, foi censurado pela ditadura brasileira, chamado “Quemada!”, estrelado por Marlon Brando, que pode nos ajudar a entender estes dramas que têm como pano de fundo apenas interesses comerciais.

O bloqueio comercial ainda é uma arma, vejam Cuba, que já sofre isso desde a sua Revolução de 1959. Não quero falar aqui, pelo menos por enquanto, das questões políticas que envolvem a Ilha, mas quero falar de música.Outro dia revi pela enésima vez o fantástico filme “Buena Vista Social Clube”. Ouvir Chan Chan com Compay Segundo, Ibrahim Ferrer entre outros e com a guitarra de Ry Cooder ao fundo, com certeza é muito melhor que discutir porque o Fidel... Porque o Chavez... Porque o Obama... A crise dos mísseis... O assassinato do Kennedy... Enfim, haveria conexões demais. Mas a música cubana tem a mesma influencia africana que a nossa tem, mas suas guitarras nos remetem a música flamenca com sua forte influência árabe.

Não dá para falar de música flamenca sem falar do andaluz Paco de Lucia. Vale a pena ouvir qualquer coisa dele, mas em especial o Concierto de Aranjuez de Joaquim Rodrigo, apesar de não ser música religiosa, com certeza nos faz ficar mais perto do céu. Também não dá para falar do flamenco sem citar o madrilenho Manzanita, precocemente falecido aos 48 anos. Uma de suas composições mais famosas foi musicar um poema do também andaluz Federico Garcia Lorca, “Romance Sonámbulo”, que está no Romancero Gitano, cujos primeiros versos reproduzo abaixo

Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas la están mirando
y ella no puede mirarlas.

Devo confessar que o Fagner gravou isso, mas não vou fazer nenhuma conexão deste fato e ninguém pode provar que eu ouvi... O espírito livre de Garcia Lorca bateu de frente com a obscuridade dos nacionalistas espanhóis que o executaram aos 38 anos, durante a Guerra Civil Espanhola e sumiram com seu corpo com certeza, enterrado em uma vala comum, como essa de La Pedraja de Montillo. Entre seus amigos mais próximos estava o pintor catalão surreal Salvador Dali, que saiu da Espanha antes da guerra se mudando para Paris, onde está o Museu Salvador Dali em Montmartre. Provavelmente Dali, que morava em Montmartre não atravessava o Sena para ir ao Quartier Latin... Talvez por ser polêmico, exótico e muito louco, acabou tomando a mulher de seu amigo, o poeta francês Paul Eluard,este sim frequentador dos cafés da Contrescarpe e cuja militância política fez com que lutasse na Guerra Civil Espanhola como George Orwell.

Transformar a liberdade em poemas, canções, pinturas e atitudes, era isso que o Grande Irmão queria evitar ao vigiar todos. De certa forma o BBB faz isso, mostrando o quanto o ser humano pode ser mesquinho, sentimo-nos todos vigiados também.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Rock é assunto sério – parte 2

Bom, depois daquela pequena introdução, vamos ao que interessa, os riffs imortais. O uso da guitarra no rock vem daquela máxima de Muddy Waters: “O blues teve um filho, ele se chama rock’nroll” . Já falei de Robert Johnson, bluesman, morto aos 27 anos, depois de beber um Bourbon envenenado (uns dizem que foi um marido enciumado, outros que fora a mulher- também enciumada), seus riffs é que marcaram uma espécie de início do rock, já que diversos roqueiros foram beber nessa fonte, por isso vou comecar pelos Rolling Stones, que trazem a marca do blues em suas músicas.

Satisfaction, gravada em 1965 foi o primeiro sucesso dos Rolling Stones e os marcou como uma espécie de anti-Beatles, o riff inicial é reconhecido em qualquer lugar do mundo. Enquanto os garotos de Liverpool, embora filhos de estivadores do cais, eram certinhos, as Pedra Que Rolam, mesmo sendo de classe média alta e tendo o que de emelhor a educação britânica pudesse dar, eram assim meio badboys, inaugurando a trilogia sexo-drogas-rock’nroll. A música é de Keith Richards, que é uma lenda dentro da lenda, o verdadeiro pai de Jack Sparrow, que trocando o sangue e cheirando as cinzas do pai ainda dedilha seus famosos riffs. Na internet existem diversos vídeos dos Stones , já que cantam seu tédio há quase cinqüenta ano, pois é... Mick Jagger dizia que não queria chegar aos quarenta anos cantando Satisfaction... Os Stones, mesmo cheio de rugas continuam sendo uma máquina do rock, todas as suas apresentações são perfeitas, qualquer busca na internet trará sempre ótimas performances, por isso não indicarei nenhuma em especial.

Jumpin’Jack Flash traz Keith Richards fazendo uma releitura do riff inicial de Satisfaction. Esta música inaugura aquela fase meio diabólica dos Stones, começada no álbum anterior “Their Satanic Majesties”. A influência do animismo dos antigos escravos do delta do Mississipi, o pacto de Johnson na encruzilhada e um sonho de Keith Richards em sua casa de campo no interior da Inglaterra, reforçam a lenda que são estes caras.
O mais antigo show que achei show é esse mostrado no link http://www.youtube.com/watch?v=LJ9D0UHP7x4, onde a formação ainda tem Bill Wyman e Mick Taylor. A música está no álbum Beggar’s Banquet, que marca a retomada do Rythm and Blues que é a marca dos Stones.

Já que falei dos Beatles não dá para falar de riffs sem falar de Something. Com certeza uma das mais apaixonadas canções já gravadas. Vai de Elvis Presley a Frank Sinatra, teve mais de 150 versões e foi um dos maiores sucessos dos Beatles, onde a dupla Lennon e McCartney monopolizava a autoria das músicas. A lenda diz que John e Paul concordarem em colocar a musica apenas para tapar um buraco do álbum Abbey Road. Vale dizer que este álbum foi o último gravado pelos Beatles, já que Let it be foi uma montagem de faixas que já estavam gravadas. De todas as versões a mais notável é uma que não tem a presença de George, falecido em 1999. Está em “Concert for George” de 2002 e tem as presenças de Paul, Ringo e solos fantásticos de Eric Clapton veja em
http://www.youtube.com/watch?v=S7_MsY2IJz4&feature=related
Perfeita!!! Eu acredito que o melhor de George está em While my guitar gently weeps, vale a pena ver a versão que está em http://www.youtube.com/watch?v=T7qpfGVUd8c que está em “Concert for BanglaDesh” de 1971, organizado por George para socorrer aquele país que havia sido devastado por um furacão. Os solos de guitarra são de Eric Clapton, Ringo está na bateria.Rock também é história de amor. Veja só, Eric era o melhor amigo de George e se apaixonou por sua mulher Pattie Boyd, para quem George tinha composto Something . A dor de cotovelo de Eric rendeu a belíssima Layla. George e Pattie se separaram, ela se casou com Eric e depois se separaram também...Sem finais felizes, please, isso aqui é rock!!!

Continuando com os ingleses, não dá para não citar Led Zepellin em dois momentos também. Bom, eu sempre tive para mim que musica Americana boa é , como diz Djavan : música de preto o bom rock é inglês. Vejam Whole lotta Love, rockão pesado, com riffs e batidas contagiantes. Gravada em 1969, é uma espécie de marco do hard rock e do heavy metal. Bom, mas aqui temos um problema, o Balão de Chumbo foi acusado de plagiar uma canção chamada You Need Love, do baixista de blues Willie Dixon. Depois de diversas demandas jurídicas, acabou-se em um acordo onde o nome de Dixon foi incluído como autor. Acho que isso só comprova a raiz R&B do rock. Acho que a melhor versão é essa gravada em um concerto no Madison Square Garden em 1973 e que pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=PU-PoUwECjI
Mas nem só de heavy rock vivem os riffs, como a gente vê em Something. O Led Zeppelin também fez Stairway to heaven – todo mundo que quer aprender a tocar guitarra quer fazer o riff inicial dessa música. No filme Bruce’s World, traduzido no Brasil para “Quanto mais idiota melhor” , os protagonistas vão a uma loja de instrumentos musicais para comprar uma guitarra Fender Stratocaster e ao experimentá-la com os primeiros acordes de Stairway to heaven o vendedor mostra um cartaz que proibe tocar esta música. Quer fundo musical melhor para ficar down do que essa música?? Trilha sonora obrigatória para funeral de surfista, tem uma letra bem estranha, cujo real significado somente Jimmy Page e Robert Plant podem explicar. Apesar de ser uma música com mais de oito minutos de duração até hoje é uma das mais tocadas nas rádios americanas. Na internet essa música tem dezenas de sites, alguns com mais de 17 milhões de acessos, mas o vídeo que está no link a seguir é o melhor, vejam:
http://www.youtube.com/watch?v=FyabIKB2CWI&feature=related

A bola continua ainda com os ingleses. Apesar de não ser tão conhecida Paranoid do Black Sabbath tem seu lugar garantido em qualquer lista de riffs imortais. Uma espécie de pai do Heavy Metal de poucos acordes, guitarras distorcidas e batidão, eles mesmos não se identificavam assim, preferindo dizer que tocavam blues pesados e distorcidos. A letra de Paranoid é bem blues, diferente do lado meio obscuro e satânico que foram tomando, engrossando uma das lendas do rock que é a de que Ozzy Osbourne comeu um morcego vivo durante uma de suas apresentações. Quando de sua vinda ao Brasil para o Rock in Rio em 1985, surgiram até versões das profecias de Nostradamus dizendo que a vinda de Ozzy era o prenúncio do fim do mundo, tragédias ocorreriam, nada disso aconteceu, nem um morceguinho foi comido vivo para tristeza dos metaleiros que encheram aquela noite. Cuidado ao procurar por Paranoid na internet, você vai acabar achando uma baba de um conjunto paquito-menudo que provavelmente vai fazer muito mal. Achei uma gravação de 1970, não haviam clips e MTV : http://www.youtube.com/watch?v=NZyVZFJGX5g&feature=related
. Tenso!

Como o rock é filho do blues, não dá para deixar de falar de Janis Joplin, morta precocemente de overdose de heroína aos 27 anos, em 1973. Ela não deixou nenhum riff, mas a introdução de Summertime é reconhecida de longe. A música é dos irmãos Ira e George Gershwin que nada têm a ver com rock’roll, é um blues que foi gravado por Miles Davis, Ella Fitzgerald, Charlie Parker, entre outros, a letra é tolinha, e fica bem irônica na voz rebelde de Janis. Essa gravação é da apresentação em Woodstock, onde os solos de guitarra são de Jimmi Hendrix, versão bem melhor que a original, vejam: http://www.youtube.com/watch?v=daG_iY0iKPc&feature=related. O estado de doideira dos dois era tanto que as imagens foram descartadas do filme Woodstock, ficando apenas o registro sonoro, suficiente para imortalizá-los.

Mas, doideira pouca é bobagem, se não for para ser doido o tempo inteiro é melhor nem começar. Kurt Cobain é a prova morta disso tudo, se matou aos 27 anos com um tiro, alguns dizem foi sua mulher Courtney Love que o matou, enfim isso é rock! O Nirvana foi, mesmo sem querer, uma espécie de carro-chefe do rock grunge, filho do punk rock. Este estilo estranho era meio angustiado, marcado por vozes roucas e guitarras distorcidas, com alternância de levadas rápidas e levadas arrastadas, enfim... Vale a pena ouvir o primeiro sucesso da banda, Smells Like Teen Spirit o clip traduz bem o clima da música, embora seja difícil entender a relação entre um mulato, um albino, um mosquito e a libido... vejam : http://www.youtube.com/watch?v=hTWKbfoikeg  Outra música do Nirvana que, por seu riff, merece ser ouvida ou re-ouvida pelo menos umas 50 x 1032 vezes é Come As You Are que também está no álbum Nevermind. O riff nesta música é do baixo. A melhor versão, em minha opinião está no Unplugged MTV, feito pouco antes da morte de Kurt. O ambiente do show já era meio de velório, com flores e velas... http://www.youtube.com/watch?v=gEcm1yIlX8QCaetano Caetano Veloso tem uma versão desta música em seu CD A Foreign Sound, acompanhado por Jacques Morenlembaum que beira a perfeição!! Embora haja alguma resistência vale a pena ver o resultado.Tudo bem... Ele gravou Feelings também neste disco... Fazer o que? Cortar os pulsos por ter ouvido??? http://www.youtube.com/watch?v=Nh6NlUgJoRE&feature=related

E para acabar.Algumas músicas por si, já são lenda, é o caso de Smoke on the water, sem dúvida o mais famoso riff do rock. Os ingleses do Deep Purple foram gravar um disco em Montreaux, Suissa em 1971 e outra lenda do rock, Frank Zappa and The Mothers of Invention estava lá para dar um show no Cassino onde o disco seria gravado. No meio do show um maluco soltou um foguete dentro do teatro que atingiu o teto e o teatro pegou fogo. O Deep Purple foi transferido para outro local onde então gravou seu disco “Machine Head” e ao verem a notícia do incêndio nos jornais onde uma foto mostrava a fumaça se espalhando sobre a água, aproveitaram um riff que já tinham pronto e contaram todo o caso, o resto é história: rock’n roll na veia!!!!! O conjunto acabou ainda na década de 70 e só voltaram em 1984. Os caras estão velhos, mas o lobo perde os pelos, mas não perde as garras, veja o que Steve Morse, que é da ultima formação da banda, faz na guitarra e Ian Gillan nos vocais ainda manda ver: http://www.youtube.com/watch?v=olnGNkgAE6c&feature=related  Compare com a gravação de 1973, onde a guitarra era tocada por Ritchie Blackmore, autor do riff: http://www.youtube.com/watch?v=axOvTex6ET0&feature=related

Bom, chega de falar de rock, na próxima volto à política e ao futebol... Talvez ainda sobre espaço para samba, quem sabe?

Rock é assunto sério – parte 1



 
Gente, esse negócio de política e escândalos me deixou sem vontade de escrever. Tem tanto babaca dando pitaco em tudo que eu seria apenas um a mais... Mas como babaquice não conhece limites: aqui estou eu! Minha paixão por rock’nroll vem desde menino: muito tempo, véi... Claro que o rock explica o mundo, desde que o rock é rock, é claro. Antes disso havia, digamos assim, manifestações, esparsas e desconectadas do fenômeno rock’nroll. Alguém duvida que Mozart e Beethoven fossem roqueiros?  Einstein e o doidaço Tycho Brahe (deixo pra você que pesquise sobre este cara no Google)? Alguns poetas como Camões, ou mesmo Castro Alves?  Descartes, Sócrates?? É muita história... Mas, eu queria mesmo era falar de rock, o bom e velho rock´n roll, mas ando desanimado também, acho que o clima não está para isso... Há uns dois anos , com muito esforço fiz, junto com meu personal consultor para assuntos de rock e música em geral o bom e velho (nem tanto assim, é claro...) Edelvandro -enquanto ele tomava umas antárticas e eu entornava sem dó uns cinco copos de guaraná; uma lista dos riffs imortais que podem ser vistos no YouTube e também algumas performances notáveis de quarenta ou mais anos atrás que são repetidas até hoje pelas “novas”estrelas.

Por exemplo, quem não acha essa Lady Gaga meio , digamos assim, trash ? A mulher parece uma formiga e paga de “fatal”! Ir em uma premiação vestida de carne? Nem o Ozzy nos tempos em que ainda controlava seus esfíncteres  pensou nisso.  E a Amy Winehouse ? Foi uma espécie de revival de grandes doidões suicidas como Janis, Jimmi Hendrix e Jim Morrison (sobre este há dúvidas, vou voltar nisso nas lendas do rock). Amy foi se matando frente a todos bem no estilo Sid Vicious, se bem que nessa história do falecido SexPistol a lenda diz que foi a própria mãe quem lhe ministrou a overdose mortal e que ela teria confessado isso pouco antes de morrer... também de overdose. Mais rock’nroll impossível!!

Bom, vamos ao que interessa. Depois de muita discussão, onde a Cida acabou definindo alguns pontos importantes, fizemos essa lista, que segue com alguns comentários e os links para que possam ver/ouvir. Começamos com alguns que são, obviamente, hors-concours. Primeiro Chuck Berry , poderia começar com “Maybelline” (http://www.dailymotion.com/video/xbryk_chuck-berry-maybelline_music) , passar por “You never can tell” , impagável com John Travolta e Uma Thurman dançando em Pulp Fiction. Mas a imortal “Johnny B. Good”  tem sua melhor seqüência no filme “De volta para o futuro 1”, onde o ator Michael J. Fox apresenta a música antes mesmo que ela exista e um dos músicos do conjunto do baile da escola liga para o Chuck e ele acaba sendo inspirado por ele mesmo... Rock`nroll é isso, Chuck Berry fields forever.... Outro hors-concours é Jimmi Hendrix, sua lendária apresentação em Woodstock tocando o hino nacional americano é disciplina obrigatória para qualquer iniciado em rock, quem viu viu, mas quem não viu pode ainda assistir toda a apresentação de Jimmi Hendrix em Woodstock pelo link http://video.google.com.br/videoplay?docid=-3981364972665945187# . Mas não deixo de registrar aqui a performance de “Wait until tomorrow” por John Mayer, em http://www.youtube.com/watch?v=bww30yl3Jps. Veja!!!!

Também na galeria dos imortais, a fantástica apresentação do então casal Ike & Tina Turner em 1971 no Carnegie Hall em New York (registrado no álbum What you hear is what you get), a interpretação de “Proud Mary” do Creedence Clearwater Revival é definitiva, depois disso ouvir a versão original em ritmo de musica country é impossível! A poderosa guitarra de Ike e a voz rascante de Tina criam um momento mágico do rock, dá vontade de largar o emprego e ir trabalhar num barco no Mississipi... Os acordes da primeira parte imitam o movimento da grande roda da ” Proud Mary, the  river boat queen”, a segunda parte é puro rock! Em que pese a barra pesada que viviam há um excelente filme sobre a vida deles: Tina. Mas para quem imagina que foi Beyoncé que inventou o rebolado, veja  Tina e as Ikettes dançando e tire suas conclusões.  http://www.youtube.com/watch?v=54XRNQ2C2x0.

E, last but not least, temos Eric Clapton. Outro pré-requisito para ser aprovado na escola do rock é ter assistido a ópera-rock Tommy, do The Who, pelo menos umas dez vezes. Quem assistiu lembra-se da cena de um culto estranho (o filme é bem surreal...) onde o “preacher” é ele mesmo: Eric Clapton!!! (Tina Turner aparece no filme também em uma antológica “Acid Queen”). Quem descobriu Bob Marley para o mundo foi ele, quando gravou “I shot the sheriff”, só isso já valia a história toda e a gente poderia parar por aqui, mas assista essa impressionante apresentação feita no Hide Park em Londres : http://www.youtube.com/watch?v=6Iugs4pSpgY ). Veja também duas outras performances, a primeira com “Crossroads” do lendário bluesman Robert Johnson, narrando seu pacto na “encruzilhada” , existem diversas apresentações na internet, mas essa vale a pena pelo arranjo mais pesado, veja em http://www.youtube.com/watch?v=-twOjwBORwg . A segunda  performance com o cantor e multi-instrumentista americano Baby Face em “Change the world” do filme “Phenomenon”, apresentada no “Baby Face Unplugged” da MTV e disponível em http://www.youtube.com/watch?v=9RRVD1ihAEA.  Tudo bem que o filme é uma baba do John Travolta nestes lances de cientologia, uma religião esquisita que atores americanos inventaram, mas é assim: rock’nroll, capítulo 1, versículo 20, século 21...

Só para concluir esta primeira parte, lembro que usei alguns versos do Gilberto Gil, da música Chuck Berry Fields Forever, que está em “Doces Bárbaros”, pra quem duvida que a raiz do rock está na África veja a letra aí embaixo.

 
Chuck Berry Fields Forever


 
Trazidos d’África pra Américas de Norte e Sul
Tambor de tinto timbre tanto tonto tom tocou
E neve, garça branca, valsa do Danúbio Azul
Tonta de tanto embalo, num estalo desmaiou
Vertigem verga, a virgem branca tomba sob o sol
Rachado em mil raios pelo machado de Xangô
E assim gerados, a rumba, o mambo, o samba, o rhythm'n'blues
Tornaram-se os ancestrais, os pais do rock and roll

Rock é o nosso tempo, baby, rock and roll é isso
Chuck Berry fields forever
Os quatro cavaleiros do após-calipso, o após-calipso
Rock and roll, capítulo um, versículo vinte
-Sículo vinte, século vinte e um
Versículo vinte, -sículo vinte, século vinte e um

Recomeçando...

Gente,

Mudei de provedor do Blog e depois de um período de preguiça, muita preguiça, retomo essas mal-traçadas. A idéia é falar do que gosto: politica, economia, rock'nroll, futebol, cozinha e otras cositas más... não necessariamente nesta ordem!!!!
Enquanto atualizo os assuntos vou publicando uns posts antigos, mas em versão atualizada e ampliada.
Grande abraço a todos.

Luiz