Pensei em voltar a escrever sobre economia ou politica, mas
sinceramente não fico animado a nada. A economia do mundo hoje depende do bom
humor da presidente alemã, Angela Merkel (leia
uma coluna do sociólogo português Boaventura de Souza Santos, publicada na
Folha de São Paulo de 03/05/2013, para entender...). A política no Brasil
hoje é regida pelos sem-memória. As pessoas se esquecem dos erros recentes e
insistem em repeti-los, nos parecemos ora com o mitológico Sísifo, condenado a eternamente
empurrar uma enorme pedra ao alto de uma montanha, quando consegue colocar a
pedra no topo, ela rola para baixo, aí ele começa tudo de novo. Ora nos
parecemos com o também mitológico Prometeu, acorrentado no alto de uma
montanha, aonde um abutre por 30.000 anos, vem todos os dias devorar o seu
fígado, o castigo é que o fígado se regenera...
Por isso vou falar de futebol, assunto sobre o qual não sei
nada, mas nada mesmo. O que não me impede de fazer comentários profundos. Como
já sabem o “perna de pau absoluto” aí em cima, sou eu mesmo. Os assuntos, como
diria o imortal Odorico Paraguaçu, do balípodo (procure no google...) que me interessam acontecem fora das quatro
linhas, já que além de não saber jogar bola, não tenho a mínima paciência de
assistir a jogos...
Bom, vamos lá. Primeiro a Copa do Mundo. Li outro dia que
FIFA irá faturar 5,5 bilhões de reais com a organização da Copa no Brasil,
imagina quanto será na Rússia e no Quatar. Esses caras são profissionais da arrogância
e do esquema. Uma exigência deles é que os gramados dos campos sejam feitos com
uma técnica que mistura de grama natural com grama artificial e essa técnica é
exclusiva de uma empresa belga, e por aí vai. Os vendedores de refrigerante e
agua de fora dos estádios serão reprimidos. Pessoas ou grupos de pessoas usando
camisas de empresas ou marcas que não sejam as patrocinadoras do evento serão
retiradas dos estádios. A venda de bebida alcoólica nos estádios que havia sido
suspensa será permitida, pois uma cerveja patrocina a copa. Para impedir o uso
da ensurdecedora vovuzela inventaram a cachirola que também será licenciada.
Enquanto isso o ricardoteixeira goza seu exilio dourado em Miami, em uma mansão
de dezenas de milhões de dólares, seu eterno sogro joãohavelange renuncia a presidência
de honra da máfia, quer dizer FIFA por causa de recebimento comprovado de
propinas. Ao mesmo tempo a legislação de licitações à que todos estamos
obrigados foi rasgada para as obras dos estádios, só para ter uma ideia, se o
Maracanã fosse implodido e construído de novo teria ficado mais barato. E o
pior de tudo que tudo indica que iremos bancar e fazer a festa para os
alemães...Deve ser para alegrar a Merkel, ela afrouxar um pouco e nossa
economia respirar um pouquinho, deve ser isso...
Outro dia, li uma reportagem onde uma associação inglesa de
ex-jogadores de futebol, mostrou uma pesquisa dizendo que os 60% dos atletas
quando encerram sua carreira, entram em falência até 5 anos. Vejo esse caso do
jogador Bernardo do Vasco, onde o cara foi se meter? Olhem essa tragédia que é
o caso Bruno, em algum momento ele achou que ia sair bem disso? Ainda tem o
Adriano, o Jobson, isso para ficar apenas na elite. O futebol é um mercado onde
o dinheiro é abundante, claro que a meninada fica doida. Mas não cuidar e não
orientar os atletas pode fazer com que o processo de decadência que o futebol
brasileiro apresenta se acelere ainda mais.
Os campeonatos estaduais caminham para o fim. Em São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais e em menor grau no Paraná, Bahia e Pernambuco
prevalece a enorme disparidade entre as equipes. De um lado a elite do futebol,
composta de atletas que tem alimentação balanceada, cuidados médicos,
preparação física e técnicas adequadas, salários elevados, etc. E de outro lado
os operários do futebol, que tem de trazer a marmita de casa. Para a maioria
dos times que jogaram os estaduais o ano termina agora. Os atletas serão
dispensados e os campos serão fechados. A atenção se volta toda para o
Campeonato Nacional, nada mais interessa. Isso também é mais um prego no caixão
do futebol. Em minha cidade natal, Governador Valadares (não sei dizer se em outras cidades era assim também...) os jogos
regionais e dos campeonatos estaduais aconteciam sempre nas segundas-feiras a
noite, era campo lotado. Tem espaço para todo mundo, falta o pessoal da CBF e
das federações estaduais começar a pensar futebol.
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