sábado, 2 de março de 2013

As crônicas do perna de pau absoluto – o futebol explica o mundo


Gente, não entendo nada de futebol, como praticante, é claro! Não consigo fazer mais de duas embaixadas seguidas, nunca fiz um gol e na verdade nem gosto muito de assistir a jogos. Mas o mundo futebol me chama atenção desde menino , quando lia  “À sombra das chuteiras imortais” de Nelson Rodrigues, no jornal “O Globo” que meu pai trazia todos os dias. Passei por algumas leituras da revista “Placar” que depois abandonei. Hoje leio o que me cai na mão, mas destaco alguns colunistas que são fundamentais. Sem nenhuma ordem de preferencia indico PVC, Paulo Vinícius Coelho, ele tem um blog http://espn.estadao.com.br/blogs/pauloviniciuscoelho#1; o eterno craque Tostão, tem sua coluna na Folha de São de Paulo, craque na bola e nas palavras é uma das vozes mais lúcidas do futebol brasileiro; também vale a pena ler Renato Maurício Prado em seu blog http://oglobo.globo.com/esportes/rmp/; tem também o programa “Loucos por futebol” da ESPN, com Marcelo Duarte, PVC e Celso Unzelte, esses caras são aqueles que conseguem escalar o time do Racing que perdeu para o Santos em 1961 e ainda descrever os gols feitos! Tem também o mala do Milton Neves e muitos outros.
Claro que o futebol explica o mundo, vamos lá. Vejo esses campeonatos estaduais, são de uma pobreza impressionante. Há um desequilíbrio flagrante entre os times. Nos estados que têm mais de uma equipe na 1ª divisão nacional então, isso fica flagrante. Alguns times preferem escalar reservas, os estádios no interior são caóticos, desorganizados e muitas vezes perigosos. Mas acaba mostrando o lado operário do futebol, nas equipes pequenas, onde os atletas têm contrato apenas por seis meses e depois ficam o resto do ano parados. Vejam o caso do atleta Ditinho, que jogou pelo URT de Patos de Minas, na 2ª divisão estadual ano passado (não entendo a frescuragem de chamar isso de módulo II...). Ele já tem 40 anos, fez carreira como atleta operário em times do interior de Minas e de São Paulo. Ano passado durante um jogo com o Araxá, caiu em campo sentindo fortes dores abdominais, socorrido foi levado para um hospital particular onde foi diagnosticado um infarto devido a graves problemas renais. Bom o que sucedeu depois é um filme de terror. Ele foi abandonado pelo time, que disse que não tinha como bancar seu tratamento e que ele tinha de procurar o SUS. Nenhum problema quanto ao tratamento público, a maioria absoluta dos trabalhadores brasileiro recorre a ele. Ditinho passou por uma grave cirurgia renal, UTI e se recuperou, não mais para o futebol. Foi candidato a vereador em Patos de Minas e foi eleito... A maioria dos ex-atletas, principalmente os operários, não têm esse mesmo destino.
Bom e a morte do menino Kevin, na Bolívia? Podia ter acontecido em qualquer lugar. Aqui no Brasil, é claro, não teria havido grandes repercussões e digo por que. Todos se lembram do massacre filmado de um membro da Máfia Azul (Cruzeirense) por membros da Galoucura em frente ao Pátio Savassi em BH. Identificados os agressores, estes compareceram na Justiça (?) entrando no fórum como se fosse uma guarda pretoriana tamanha a arrogância. Alguns dias depois participavam de reuniões com o Ministério Público e o comando da PM para discutirem questão se segurança (?!) nos jogos em Belo Horizonte, só agora estão presos, mas com certeza serão soltos logo, logo. Alguém duvida que com os Gaviões da Fiel seria diferente? E essa farsa de um “dimenor” se apresentar como responsável? É a primeira que se vê um advogado se empenhar para provar a culpa de seu cliente. As torcidas organizadas são uma espécie de milícia usada por dirigentes dos clubes. Servem para intimidar, assediar, derrubam técnicos que estejam dando atenção para atletas “propriedade” de algum dirigente, intimidam jogadores e torcedores, operam a máfia dos cambistas e por aí vai. Uma torcida organizada dessas de Belo Horizonte é comandada por um ex-deputado federal que a alugava durante as campanhas eleitorais para destruir propaganda, tumultuar comícios dos adversários, criar confusão nos debates. Esse julgamento tem de ser exemplar, a pobre Bolívia vai fazer o que o rico Brasil não tem coragem de fazer.
E a mudança de regras no campeonato nacional? Agora não haverá mais os clássicos regionais nas ultimas rodadas. Isso impedia a entregação e manipulação de resultados que fizeram muitos times campeões. Mas não é isso que os dirigentes querem, eles querem é armação mesmo! E por falar nisso...Todo mundo sabe que no mundo do futebol brasileiro corre muuuuuuita grana que vem de publicidade, venda de produtos dos clubes, ingressos e direitos de transmissão para rádio e TV. Isso dá tanto dinheiro que o ex-presidente da CBF mora hoje em uma mansão de 15 milhões de dólares em Miami, com direito a iate e etc. Ele é genro do Havelange, sua filha dirige o comitê da Copa, futebol é o negócio da família... Agora vem o Ministro Aldo Rebelo querer que os clubes sejam isentos de impostos e previdência. A maioria dos clubes brasileiros apesar de lidarem com um negócio altamente lucrativo está afundada em dividas de impostos. Para qualquer um de nós ficarmos devendo uma moedinha qualquer ao imposto de renda é uma hipótese remotamente improvável, para esses bacanas o tratamento é outro!

Um comentário:

  1. Só um adendo - A pessoa de Miami é ex-genro. O resto está na íntegra da ética e da moral. Vale aqui lembrar que determinado ex-árbitro de futebol andou falando aqui e ali sobre armação de resultados. Foi "assaltado", tomou 2 ou 3 tiros, e assim que restabeleceu a saúde, denunciou e deu nome aos bois em rede nacional. está tudo na rede, é só procurar. Hoje está em um canal pago, apagado da mídia e sua denúncia ficou abandonada.

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